O racismo no Brasil e a forma como ele é visto pela nossa sociedade

Diariamente ouvimos por aí que não existe racismo no Brasil. Porém, ao mesmo tempo que se ouve coisas do tipo, é impossível negar que o racismo existe aqui e de forma explicita, diga-se de passagem. 

(fonte- google imagem)

Não é difícil você estar em um transporte coletivo e ver que enquanto um negro passa na roleta, o restante do ônibus disfarçadamente guarda o celular, aperta as bolsas contra  si, olham desconfiados uns para os outros... Também não é incomum, perceber que quando uma pessoa negra de black power entra em algum estabelecimento, vira o centro das atenções ou alvo de comentários do tipo ''Será que dar pra lavar''?  Nas lojas, quantos negros não são seguidos diariamente? Quem mora ou já morou em favela, sabe muito bem que, quando a policia sobe qualquer preto se torna o alvo principal.  

Segundo a pesquisa do grupo de estudos sobre violência e administração de conflitos (GEVAC), o alvo principal da policia militar são homens jovens e negros. A mortalidade dos nossos jovens é, 3x maior que a dos homens brancos. Isso é assustador, não é? Ou pelos menos deveria ser... Nós, mulheres negras não ficamos para trás, a nossa carne é a mais barata, espancada, hiper sexualizada, banalizada, estuprada e morta! Nossa taxa de homicídio é 2x maior que a de mulheres brancas.

Esses são apenas alguns dos reflexos que o preconceito oriundo do racismo e/ou discriminação racial causam na vida de uma pessoa negra no Brasil.

Esses são apenas alguns dos reflexos que o preconceito oriundo do racismo e/ou discriminação racial causam na vida de uma pessoa negra no Brasil.

ENTENDENDO A  DISCRIMINAÇÃO RACIAL

''A discriminação racial é uma atitude tão ingênua, que o racista se torna um perfeito idiota e não percebe.''

  Guibson Medeiros

Discriminação

1. Faculdade de discriminar, distinguir; discernimento.

2.

 Ação ou efeito de separar, segregar, pôr à parte.

Discriminação acontece quando, há uma atitude separatista, específica ou diferente em relação a alguém.  Uma pessoa pode ser discriminada por causa da sua orientação sexual, por causa das suas roupas, gênero, nacionalidade, e especificamente, por causa da sua raça ou etnia, o que chamamos de discriminação racial. 

Segundo a ONU (Organização das nações unidas),  “Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e/ou exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública” art. 1.

Ou seja é um ato que quebra o principio de igualdade, é um tipo de preconceito que determina a posição do grupo oprimido nos fatores políticos, sócio econômicos, e também em relação ao convívio social, oportunidades e direitos.

Todas as pessoas, independente da raça e etnia tem direitos culturais, sociais e econômicos iguais. Porém, não é isso que a história e a realidade nos mostram.

A discriminação  não é e nunca foi uma coisa rara, antes sofríamos com a escravidão e o preconceito, hoje sofremos com a ''separação'' e preconceito. Ontem sofri, hoje ainda sofro, pois já nascemos com um ''lugar'' imposto na sociedade e apesar de hoje em dia termos uma legislação que garanta, ou que pelo menos, deveria garantir, direitos iguais para brancos e negros, sabemos que não é assim que a banda toca por aqui. 

Como diz, Juscelina Nascimento, pertencente a fundação cultural Palmares - MinC:

“Os negros ainda são estatísticas nos registros de mortes violentas. No Brasil, entre cada 10 casos de excessos policiais, 9 acontecem com negros. Também são os negros as únicas vítimas de equívocos policiais que resultam em constrangimento ou em morte; são eles os últimos a serem contratados e os primeiros a serem demitidos nas empresas; são os que percebem os menores salários - a despeito da igualdade de função exercida e da qualificação; são aqueles para quem sua cultura não pode ser convertida em benefício próprio; são as vítimas esquecidas de moléstias como glaucoma, falsemia, lúpus e albinismo; são aqueles a quem os professores desestimulam a ingressar na vida acadêmica, alegando a saturação do mercado; aqueles em quem se incutem a inviabilidade de cotas e outras políticas compensatórias - somos nós que vivemos a continuidade da discriminação racial vestida do manto sacrossanto da cordialidade, da gratidão eterna e da consciência dos nossos pares de reconhecerem a longínqua existência de um bisavô negro em sua árvore genealógica, que justificaria a ausência de discriminação racial no Brasil”.

Esse pequeno texto, traduz de forma ampla e abrangente o que vem a ser discriminação racial, ou quais os males que ela ocasiona na vida de um negro. 

Discriminar alguém racialmente  é humilhar, negar acesso, ofender, impossibilitar o acesso á bens comuns, negar oportunidades no campo de trabalho ou no setor acadêmico, impedir o acesso á saúde, moradia, e até mesmo ao consumo, por exemplo.

DEFININDO O PRECONCEITO

"O preconceito é um relativismo individual que resulta em conseqüências graves. As pessoas por acharem que são melhores começam a desmerecer as outras"

(Maria das Dores Silva, Socióloga)

Preconceito:

1. Qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico.

2.sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância.

Preconceito é uma ideia pré concebida, construída a partir de estereótipos sociais em relação a pessoas ou grupos.  Então, podemos resumir que preconceito se dá quando, fazemos um julgamento rápido, superficial - E perigoso - Sobre alguém.

Ao contrário do que muitos pensam, o preconceito não impulsiona o racismo, mas o racismo cria diferentes tipos de preconceitos.

DE CARA COM O RACISMO

“Nenhum racismo é justificável, mas o ressentimento dos negros é. Construiu-se durante todos os anos em que a última nação do mundo a acabar com a escravatura continuou na prática o que o tinha abolido no papel”

                                                                                                                                    ( Luis Fernando Veríssimo)

Racismo: 

1.conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias.

2.

doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras.

Vemos que o racismo é descrito como  um tipo de preconceito associado à raça, características físicas ou etnias. Onde as pessoas denominadas como racistas, escoram- se na ideia de que são superiores aos demais. Esse tipo de preconceito afirma que algumas raças são superiores ás outras. Podemos dizer também, que esse preconceito é um sentimento que vem de um condicionamento cultural.

Mais de 100 anos se passaram, e o racismo ainda não diminuiu.  Não esperávamos mesmo que acabasse de vez, mas, que pelo menos não fosse tão presente nos dias de hoje. 

Bom lembrar que o racismo não foi inventado. Ele vem colecionando teorias e discursos ao longo dos anos, sendo implantado culturalmente de muitas formas, até mesmo religiosa. Em uma visão teológica, por exemplo, Noé amaldiçoa seu filho (Onde muitos entendem, ser negro) e diz que seu povo será escravizado pelo povo de seu irmão. Essa interpretação reforça que uma raça deve ter domínio sobre a outra.

Mais tarde, no século XVIII surgem as primeiras teorias racistas, quando a ciência passa a querer classificar a raça humana através da sua diversidade, usando como principal fator a pigmentação da pele. O problema começa quando essa classificação passa a englobar características físicas, comportamentais, e morais, depreciativas para um grupo e valorizadas para outro grupo.  É claro que  a ciência nunca conseguiu confirmar que a quantidade de melanina ou a falta dela, são fatores que definem a personalidade, integridade ou capacidade intelectual de alguém. Porém, até hoje, muitos cultivam em seus imaginários que quanto mais melanina uma pessoa tem, mais inferior ela é.

 Como no Brasil, não houve a existência de nenhum regime de segregação institucional (como o ''Apartheid'' que houve na Africa do Sul e nos EUA), fica muito mais difícil as pessoas acreditarem, entenderem, ou simplesmente tirar a venda dos olhos, para enxergar que o racismo acontece diariamente. Embora, a  Africa do sul se encontrava vivenciando os últimos anos do regime apartheid, mais negros se formavam em medicina ou engenharia do que aqui no Brasil, por exemplo. E ninguém se escandaliza com isso.  Aqui as pessoas ainda não se importam. Por aqui, as pessoas não conseguem acreditar que o racismo existe. Mesmo que velado, ele acontece, segrega e mata.

Brancos, nos trouxeram pra cá na marra, para os servir, nos catequizaram, nos exploraram e até quando nos deram a liberdade, continuaram a nos tratar como subalternos. Até hoje, as pessoas tem na cabeça que uns (brancos) nasceram pra mandar e outros (negros) para obedecer, mas para essas mesmas pessoas, isso não caracteriza racismo ou discriminação racial, simplesmente porque, para elas,  é natural que seja assim.

Quem somos nós negros obedientes para tentarmos mudar o rumo das coisas?

Para agravar ainda mais esse lance de ''Tapar o sol com a peneira'', por aqui existe uma coisa chamada ''Democracia Racial'', que nada mais é, do que um mito, retificado  na obra ''Casa grande & Senzala''  pelo  sociólogo chamado Gilberto Freyre, que cria um ''Paraíso racial' ao falar da condição dos escravos que era tratados com ''suavidade'' pelos seus senhores e também ao falar da miscigenação, de um forma um tanto romântica, resumindo toda essa problemática á mistura de raças e intercambio cultural , defendendo assim, a ideia de que nosso país não é racista. Como se a miscigenação excluísse o preconceito, é colocado o manto do mito em cima do racismo e todo mundo fica feliz. 

E pra piorar.... Partindo do principio, de que a igualdade existe por aqui, o negro é naturalmente inferiorizado ainda mais.

"você tem uma suposta igualdade, então se os negros vivem pior, se são miseráveis, pobres e analfabetos, é porque devem isso às suas próprias características", ( Sueli Carneiro, formada em filosofia e líder do instituto da mulher negra - Géledes)

E ainda há quem pense, que racismo se resume á ofensas, quando na verdade estamos falando de um sistema de opressão.

MAS, SE O NEGRO BUSCA A IGUALDADE RACIAL, POR QUE ELE PRECISA DE COTA, POR EXEMPLO?

Vamos lá!

Ao entrarmos em uma discussão sobre cotas raciais, sempre encontramos os mesmos argumentos de quem é contra.

'' O negro é racista com ele mesmo, ao ser  a favor de cotas raciais'', ''Existem muitos brancos pobres também, por que eles não possuem uma cota especifica?'', '' Nossa, mas concordando com as cotas, você concorda que o negro é menos inteligente do que o branco'', '' Acho que não deve existir cota, se a pessoa fizer por onde, estudar e se empenhar, ela vai ser merecedora de conseguir qualquer coisa'' e etc

Ou as pessoas defensoras desse tipo de comentário, tem muita pouca noção sobre a nossa história, ou tem muita pouca noção da nossa história. Não tem outra opção.

Cotas, são ações afirmativas que o governo implanta, para diminuir, nem que seja um pouco, as distâncias sociais, causadas pela desigualdade histórica que temos, acumulada.

De inicio, eu já adianto, que ser contra cotas raciais é ser a favor da perpetuação do racismo. Argumentar contra, usando a falácia de que o único problema da educação no Brasil, se resume na desigualdade econômica e que pra isto basta as politicas de inclusão social, é continuar colocando pano quente, na questão racial que, como já disse acima, existe de fato. E não querer acabar com isso, é estar a favor. 

Essa semana a USP divulgou, que agora  as cotas raciais também será  uma  forma de ingresso na universidade. Tempos atrás, ela divulgou dados que diziam que de 774 alunos, 4 eram negros. Isso quer dizer, que 0,5% dos alunos são negros na universidade de São Paulo. Você acha pouco? Agora imagine, um país onde a maioria da população é negra e apenas 0,5% tem acesso a um curso superior em uma das universidades mais importantes do País. Não é preciso ser bom de história ou estatística pra entender que existe algo muito errado por aqui, não é mesmo?

Porém, mesmo assim, te convido a fazer uma ampla leitura sobre o período escravocrata do nosso país. Feita essa leitura, te faço uma pergunta, na qual você deve responder a si mesmo: Após 13 de maio de 1888, o dia em que a liberdade dos escravos foi concedida, por livre e espontânea pressão econômica, os negros passaram a estar de igual para igual com os brancos?

Depois de 350 anos de escravidão, um dia alguém assina um termo que os liberta! Seria uma maravilha, se  eles não se vissem desamparados, sem casa, sem dignidade, sem respeito, sem educação, sem alfabetização, sem comida... Pois é, porque agora seus senhores não tinham nenhuma obrigação com eles. A partir de agora os trabalhos seriam remunerados, chamaríamos de ''Emprego''. E você acha que esses empregos estavam sendo destinados aos ex escravos? Não... Por que os dariam emprego se antes eles faziam tudo de graça? Que humilhação seria, ter que passar a pagar seus escravos, né? Então, era melhor chamar mão de obra estrangeira. Europeus, pobres e brancos passavam a ocupar as vagas de emprego. E o governo? Estávamos ás portas da Republica e você acha que alguém pensou em algum projeto de inclusão social para aqueles negros que estavam pelas ruas do país desamparados? Será que agora eles passariam a ter acesso ao ensino formal? E posteriormente as vagas de emprego? Será que de um dia para o outro, passaram a os tratar como seres humanos? Será que no dia 14 de maio de 88 eles já estavam sendo tratados com igualdade e tendo a mesma oportunidade que um branco tinha?

Olha,  até mesmo se você pensar nos dias de hoje, não fica difícil responder essas questões. Quase 130 anos se passaram e cá estamos nós, precisando de cotas raciais para ocuparmos uma vaga no ensino superior. Podemos chamar isso de herança escravocrata. Vai além de eu ter estudo em escola pública a vida toda meu amigo. Porque, se eu fosse branca, de escola pública, ainda sim eu teria mais oportunidade do que uma mulher negra, simplesmente pela minha etnia.

Importante dizer que os que  concorrem a esse tipo de vaga, não estão menos preparados dos que concorrem de forma ampla, porém eles não possuem a mesma facilidade que os demais para concluir o ingresso.

Contra fatos, não há argumentos. Enquanto os negros forem a maioria da população e ainda assim fizer parte da minoria nas universidades, ou ainda assim seus salários forem até 30% menor do que uma pessoa branca mesmo ocupando o mesmo cargo, enquanto a maioria dos negros fizerem parte da classe econômica mais baixa do pais ou até mesmo enquanto continuarem sendo tratados com desigualdade, as ações afirmativas permanecerão justas e de extrema necessidade.  Pois, vivemos em um um sistema de opressão que privilegia um grupo racial e nega o outro.

Lembrando, que me vi na obrigação de entrar nesse assunto, porque a falta de inserção do negro no universo acadêmico é um dos reflexos do racismo e\discriminação racial na nossa sociedade.

É preciso continuarmos na luta! É preciso não descansarmos com algum avanço que já tenhamos conseguido. Não podemos parar e vamos até o fim! 

Enquanto continuarem a invisibilizar a questão do racismo no Brasil, ele continuara a ser tratado como um crime perfeito. Aquele que ao mesmo tempo que é protegido é colocado em dúvida. E não podemos deixar que o racismo velado continue a se perpetuar. Entramos em 2017 cientes de uma coisa: Os pretos estão se unindo, se amando e incomodando. Mas, ainda é muito pouco.

Armados de coragem, tendo o conhecimento como munição e a união como a força, continuaremos resistindo. Agora, mais do que nunca. Até que todos entendam que respeito não tem cor!

Quatro mulheres que você precisa conhecer!

Brasília, dia 08/03/2017. 

O dia internacional da mulher.

Todo mundo conhece bem essa data, não é mesmo? 

Para os homens, hoje é o dia de mandar flores, levar café na cama, tratar bem ou até mesmo escrever um textão bonito no facebook homenageando elas. Talvez as mesmas que eles tratam com descaso nos outros 364 dias. 

Para as mulheres hoje é o dia que nos faz lembrar das 130 mulheres queimadas na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist em nova iorque após a greve e a onda de protestos que elas começaram no sec XX. Elas não aguentavam mais a jornada de 14 horas de trabalho, o salário inferior aos dos homens e as péssimas condições de trabalho. De fato, o dia internacional da mulher já havia sido proposto um ano antes do incêndio, em 1910. Na verdade, após um grande acúmulo de mobilizações em prol das mulheres, essa data foi consagrada e assegurada em 1977, pela ONU.

No fim todos concordam que hoje é um dia importante para nossa luta como mulher, muitos reconhecem, muitos nos parabenizam... Mas, eu te garanto que se essas mulheres que lutaram tanto por nós no século passado ganhassem flores ou chocolates, elas ficariam ofendidas. A gente precisa de mais!

Nós, como mulheres, queremos no mínimo respeito e igualdade. Mas, nós como mulheres negras, além disso queremos reconhecimento, representatividade queremos resgate de identidade. 

Quantas vezes você ouviu falar sobre mulheres importantes nos movimentos abolicionistas na escola? Quantas páginas dos nossos livram eram dedicadas as lutas das mulheres negras? Somos em maioria negros no Brasil, mas não sabemos nada sobre nós. Quem foi Tereza de Benguela? O que sabemos sobre Anástacia além de sabermos que ela viveu por 2 anos com uma modarça na boca?Até pensando em escala mundial, você já ouviu falar sobre Maya Angleou? 

Anos de luta e resistência pra no final, assistirmos uma novela das seis falando do quanto a Princesa Isabel foi revolucionária e lutadora pelos direitos dos escravos. A Rainha branca, europeia e boazinha que somente em 1888 - Historicamente falando, podemos chamar de ante ontem, assinou um termo que dizia mais ou menos algo do tipo ''Ei! Brincar de escravos já está meio ultrapassado, fomos os últimos a liberar vocês, mas o que importa é que agora vocês estão livres, podem começar a se virar! Agora vamos pagar europeus pra fazerem o que vocês faziam de graça. Adeus escravatura, olá meritocracia!''  

Não vamos nem falar daquela pressãozinha básica que a monarquia sofria da Inglaterra e muitos menos dos fatores econômicos que levaram nossa heroína a resolver liberar os escravos de vez, ta? Isso merece um post inteiro.

Graças a Deus hoje existe a internet e o monopólio da informação saiu um pouco das mãos sujas de quem ganha em cima da nossa ignorância. Hoje podemos pesquisar, conhecer, analisar e descobrir outras histórias. E o post de hoje é sobre isso!

Eu sei que eu falo/escrevo muito, mas é isso aí! Esse portal é pra quem gosta de ler! Então vem comigo, que eu trouxe algumas mulheres negras que você não pode deixar de conhecer!

Mulheres que foram destaque na história do Brasil

Dandara dos palmares - A que vive!

Não existem muitos registros acerca de sua história, acredita-se que ela nasceu no Brasil, mas toda história da sua vida é cercada de grandes mistérios. Mulher de zumbi e mãe de 3 filhos ela é a prova de que sexo frágil não existe. Além de liderar as mulheres do exército negro palmarito, ser capoerista, lutar com armas e caçar. Ela ainda encontrava forças para trabalhar nas plantações, produções de farinha de mandioca, fora os serviços domésticos. 

Segundo relatos, ela não se vendia, se rendia ou fazia as coisas pela metade. Não media esforços para proteger os Quilombos e não media forças para eliminar seus inimigos. 

Uma das maiores e  ultima luta de Dandara, foi contra o tratado de paz, assinado pelo governo português e também pelo tio de Zumbi Ganga Zumba. ''Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão'' (Palmavres.gov)

Dandara viveu até o dia 06/02/1694, quando foi capturada. Ela se suicidou para não retornar a posição de escrava. 

                                                                               

Tereza de Benguela - Eterna Rainha Teresa

Ela tem um dia! 25 de julho, é o dia nacional de Teresa de Benguela e da mulher negra.

ícone e símbolo da luta da mulher negra e liderança. A rainha Teresa é um exemplo de mulher guerreira. Após a morte do marido, enfrentou o governo português por 20 anos, resistindo á escravidão. Liderava o Quilombo de Quariterê no quesito econômico, administrativo e estrutural. Ela foi responsável por criar em sua liderança, um sistema de defesa e até mesmo um sistema de parlamento para garantir a sobrevivência de mais de 100 pessoas negras e indígenas. 

Em 1770 Teresa foi capturada e morta, não se sabe se a causa da morte foi suicídio, execução ou doença.

Mas, é inegável a sua importância para a história e resistência negra.

Santificada Anástacia  - A escrava dos olhos azuis

Existe mais de uma versão sobre a existência de Anástacia. Mas todas concordam em alguns pontos. 

Sua história começa   no navio negreiro de nome ''Madalena'' trazendo consigo 122 negros Bantus do Congo, chegava ao Brasil em 09 de abril de 1740. Sua mãe Delminda é violentada por um senhor branco e dar a luz a uma linda menina negra de olhos azuis.

Anástacia é muito  popular por sua beleza, audacidade, força, doçura e fé. Ela era muito cobiçada e isso não agradava as esposas de seus senhores. Mas além do desejo, ela despertava a ira por  lutar contra o sistema escravocrata. 

Anástacia foi perseguida e sentenciada a usar uma mordaça na boca por anos que só era retirada para ela se alimentar, além disso usava uma coleira de ferro no pescoço. 

Segundo relatos, a causa de sua morte foi gangrena na boca e no pescoço. 

Fora isso Anástacia é um nome muito popular nas religiões afro brasileiras, pois acredita-se que ela fazia milagres em vida, como curar doenças. Seus restos mortais foram enterrados na igreja do Rosário, mas após um incêndio seus vestígios desapareceram, isso fez com que A santa Anástacia se tornasse um mito religioso que até hoje é  muito defendido por seus devotos que acreditam alcançar milagres através dela. 

Maria Felipa - Marisqueira guerreira

A mulher que ficou conhecida por usar sua sensualidade para derrotar tropas portuguesas. As histórias de Maria Felipa é daquelas que quanto mais você lê, mais você admira.

Marisqueira, capoerista, inteligente e astuta, Maria Felipa negra e pobre deu muito trabalho aos portugueses, quando mesmo depois da guerra, ainda reivindicava o direito de seu povo.

Não se sabe a data em que nasceu, mas seus feitos são muitos. Da ilha de Itaparica-BA, Maria Felipa é conhecida como ''A heroína negra da independência'' por lutar pela independência da Bahia.

Entre os relatos mais populares, encontra-se se o que fala sobre o dia em que ela liderou cerca de 40 mulheres contra frotas portuguesas. Armadas com peixeras e galhos de cansanção, elas atraiam os portugueses para um lugar deserto, os faziam tirar as roupas, e quando eles achavam que tudo corria perfeitamente para eles, elas os surravam e ganhavam tempo para atear fogo em suas embarcações protegendo a ilha de Itaparica. 

Em um trecho do livro '' O sargento Pedro'' o autor relata o momento em que portugueses se preparavam para o ataque, enquanto Maria Felipa segura uma tocha para que os pescadores cavassem uma trincheira. “Estou cavando a minha cova…” Diz um pescador. Imediatamente retrucado por ela “Cava, mas não pra ti. . .''

Seria interessante aprendermos coisas como essas nas escolas, não acham?!

Como elas, existem muitas outras que foram ''apagadas'' com o tempo. Mas sugiro a você, sempre que tiver um tempinho livre, pare pra fazer esse resgate histórico, pois isso é muito importante para o nosso auto conhecimento histórico. 

Não estamos felizes, flores não vão resolver os problemas que enfrentamos diariamente, dia 08/03 é só uma data. Mas, você pode aproveita-la para fazer uma refexão. 

Quanto nós já avançamos? Quanto ainda precisamos avançar?

Espero que tenham gostado :)

Clique aqui para seguir o BPZN também no instagram. Lá rolam posts diários e você pode nos enviar uma foto, um texto ou relato que a gente compartilha!

Nós por nós sempre! 

VEM QUE TEM!

E aí gente, como foi o carnaval? Bom, por aqui nada demais.

Eu sempre insisto em achar que eu sou a maior carnavalesca que você respeita, mas a é real é que eu tenho preguiça de blocos. Porém, segue o fluxo! O assunto de hoje não é esse.

AGORA O PORTAL BLACK PANTHER OF ZN TAMBÉM ESTÁ NO INSTAGRAM!

Hoje eu vim rapidinho, primeiramente pra agradecer o grande números de acesso de vocês! Muitas pessoas já estão nos acompanhando por aqui e além de me deixar super feliz, isso só me da mais força pra continuar! A segunda coisa é um aviso: Estamos também no instagram!

Criei um perfil no instagram para postar diariamente, já que aqui no blog os posts saem 3x na semana, por enquanto né... ( Em falar nisso, tem muita coisa boa vindo aí ein!)

Então colem lá no perfil do Portal Black Panther Of ZN no instagram, porque lá abordarei muitos assuntos importantes mesmo que não de uma forma tão aprofundada como nos posts daqui. Além disso, vocês poderão interagir, me mandando fotos para respostar ou textos de própria autoria. É só marcarem o IG ou me mandar por DM, ok?

Fora tudo isso o perfil serve para o enaltecimento da beleza e estética negra, porque juro que não entendo, nós sendo lindos pra caramba não sermos o padrão de beleza.

Ah também estamos no facebook!

Instagram - Portal BPZN

Facebook PBZN

A meta é ver os pretos no topo!

To esperando vocês lá :)

A mulher genial sabe... Ah, se sabe!

Linda, você não é trouxa e o primeiro passo para entender isso é parar de repetir isso pra si mesma o tempo todo.

Nós mulheres crescemos tendo que achar muitas coisas vinda dos homens normal. Loucas somos nós, não é mesmo? Eles não. 


Se ele é um homem bom, ele é maravilhoso.

Se ele é carinhoso, dê valor á ele. Homem assim é difícil de encontrar.

Se ele te traiu, todo mundo merece a segunda chance.

Se ele é abusivo deixa quieto. Ele reclama do seu vestido porque tem ciúmes e isso é tão romântico. 

Ele quer cuidar de você.

Se ele é controlador, calma! Só está te protegendo.

Se ele sumiu no dia seguinte, normal! Homens fazem mesmo isso, errada é você de achar que ele ligaria.

Se ele tentou te agredir, não faça nada. Ele pode ter pedido a cabeça, mas lembre-se das coisas boas que ele já fez por você....

Eu poderia ficar aqui digitando mil exemplos e nunca terminaria, mas o que eu quis dizer com tudo isso?

NÃO, VOCÊ NÃO É LOUCA! NÃO É MIMIMI, ESSA PORRA TA TODA ERRADA E VOCÊ NÃO É OBRIGADA A ACEITAR COISAS DESSE TIPO.



Que tal trocarmos o discurso do '' eu sou trouxa'' pro ''Sou uma mulher genial''?




Antes de tudo, uma mulher genial sabe que violência contra mulher não é só física.

Todo mundo conhece a lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) ? Espero que sim. Até porque essa é uma das maiores legislações de combate a violência de gênero, classificada como uma das 3 melhores, pela ONU. É importante citar, que além dela, existe também a lei do Feminicídio, sancionada em 2015, pela presidenta Dilma Rouseff, que diminuiu muito a tolerância para crimes hediondos cometidos contra mulheres. 

Bom, voltando na lei Maria da Penha, é primordial você saber que ela classifica a violência contra mulher em 5 grupos: 

Violência física -  Quando  ele te  bate, te machuca, te tortura, te chuta, puxa seu cabelo,  te violenta, te empurra...

Violência emocional/ psicológica -  Quando ele te humilha, te xinga, diminui sua auto estima, te põe pra baixo, te insulta, te ameaça, te persegue, desvaloriza sua moral...

Violência patrimonial/econômica -  Quando ele controla ou guarda seu dinheiro sem a sua permissão, quando ele destrói seus objetos, te impede de trabalhar ou estudar, quando ele  retem seus documentos ou até mesmo não deixa você comprar ou fazer o que quiser com seu próprio dinheiro...

Violência moral - Quando ele te expõe, te difama, espalha boatos, calunia, injúria... 

Violência sexual - Quando ele te força a  atos sexuais sem a sua vontade, quando ele te impede de usar métodos contraceptivos ou te obriga a abortar, por exemplo. Quando ele pressiona, exige e te obriga a práticas sexuais por meio de força física ou psicológica, quando ele até mesmo se nega a usar preservativo....

Sim, tudo isso é violência contra a mulher e todos esses exemplos são casos previstos pela Lei Maria da Penha.
Agora que você já sabe disso, vamos adiante!

Uma mulher genial preza pela sua liberdade. E o primeiro passo para isso é  questionar TUDO. Questione tudo o que você ouve, tudo que você vê e tudo que você lê. Foda-se que escreveu. Questione. Sempre!

Uma mulher genial sabe que ela não precisa se curvar pra homem nenhum. E eu não preciso nem tecer comentários sobre isso.

Uma mulher genial entende que mulheres e homens podem e devem ocupar o mesmo lugar na sociedade. A unica diferença entre ambos é o órgão sexual. Não devemos ganhar menos, não devemos abaixar a cabeça e não devemos aceitar a verdade masculina como absoluta. Homens não são melhores do que as mulheres em: Nadinha de nada.

Uma mulher genial sabe que ela pode e é super normal ter o mesmo ímpeto sexual de um homem. Está liberada a siririca. Lindas, conheçam seu corpo. Por que é normal homem ser punheteiro  e se a mulher se toca ela é vadia? Nada disso. Os homens crescem sendo incentivados a terem atitudes mais ''permissivas'' em relação ao sexo, enquanto as mulheres crescem achando que é errado transar por puro prazer. Somos educadas a mantermos o padrão conservador sexualmente e socialmente falando e sofremos uma repercussão social super maximizadas se expressamos nossos desejos e sexualidade livremente. Ta livre gostar de sexo, mas só se você for homem, ok? Não! 

A mulher genial sabe que ela nunca deve ignorar o conteúdo de um homem por causa de sua aparência física. Loiro do olho azul com cara de anjo também abusa, também estupra, também mente, também trai, também mata. 

A mulher genial não troca suas amizades por causa de homem. Homem é igual biscoito né lindas? E eu prefiro minhas amigas.

A mulher genial sabe que ela não é obrigada a nada. E isso inclui passar, lavar e cozinhar. Pasmem!

A mulher genial sabe que o amor próprio está em primeiro lugar, porque ela entende que é simplesmente impossível amar o próximo sem antes amar a ti mesmo. Interessante ein, não adianta nem citar a bíblia pra tentar convence-la  ao contrário bb.

A mulher genial sabe que abrir mão de qualquer relacionamento sempre vai ser doloroso, mas ela é ciente de que quanto mais demorar pra fazer isso, mas dor ela vai sentir. E ela não gosta de sentir dor.

A mulher genial sabe que é mil vezes melhor ficar só do que mal acompanhada. Ela ouviu sua avó, sua mãe, suas tias... Ela gosta desse ditado.

A mulher genial sabe que ela não precisa de uma homem para salva-la. Ela sabe cuidar de si mesma. Inclusive nunca achou normal as princesas da Disney precisarem de homens até pra montar em cavalo. Sexo frágil? Mito!

A mulher genial sabe que ela não precisa transar se não quiser, mas ela sabe que se quiser pode transar a vontade. 

A mulher genial sabe quando ela é ''muito especial'' ou quando ela é só mais uma que ele está tentando iludir. Inclusive homens, troquem o enredo que esse ta foda de batido, viu?

A mulher genial sabe que se ele taxa todas as ex's de loucas é porque na verdade o louco é ele.

A mulher genial sabe que se ela tem que competir pra ficar com ele, ela não precisa ficar com ele. Essa é ótima!

A mulher genial sabe que as outras mulheres não são suas inimigas, mas ela sabe também que não precisa ser amiga de todas se não quiser.

A mulher genial sabe que se ela tem que sempre estar tentando corrigir os erros de um homem, antes ela precisa corrigir os dela.

A mulher genial sabe que ela pode tudo.

A mulher genial sabe que um homem pode tentar manipula-la de diversas formas. Ela não se engana com homem controlador.

A mulher genial sabe que não é nada inteligente criar e alimentar fantasias com um homem que ela nem conhece. Isso sim é fazer papel de trouxa, viu?

A mulher genial sabe que se ele encostou a mão nela uma vez, existem 99,9% de chances dele fazer isso outra vezes. Ela não acredita que eles podem mudar tão rápido. Ela prefere não arriscar.

A mulher genial sabe que quanto mais forte, segura e independente ela for, melhor será seu relacionamento. 

A mulher genial sabe que se ela for negra, ela vai sofrer tudo em dobro além de sofrer coisas que as mulheres brancas nunca sofrerão.  Ela tem que ser forte em dobro. E ela é!

A mulher genial sabe que se ela for branca ela sofre com o machismo, mas não com machismo+ Racismo. Ela sabe que tem privilégios e que as Pretas precisam lutar o dobro que ela. Mas, ela ajuda ao máximo que pode. 

A mulher genial sabe que ela nunca vai votar no Bolsonaro.

Tem muito mais coisas que eu queria deixar aqui pra vocês, mas o sono me chama. Eu durmo cedo, sabia? São 22:07 e eu já estou caindo. Mas, obviamente em breve teremos o '' A mulher genial sabe parte 2'' 
Então, deixem aqui nos comentários coisas que vocês acham que toda nós deveríamos saber. É sempre bom aprender coisas novas, né? Ah está liberado mandar sugestões de posts lá no meu e-mail. 
E parem de se chamar de trouxas, trouxa pra mim é quem não é bruxo :)

Nós por nós sempre!

PS: Se você for homem, nem precisa comentar, porque a gente não se importa!

Beijos e até o próximo post!

Respect My Hair

Andando por umas páginas de empoderamento negro, me deparei com a publicação de um texto meu, de quando eu estava na metade da minha transição capilar. Fase difícil, quando nenhum penteado dava jeito e eu ainda morria de medo de cortar a parte com química e me sentir feia. 1 ano e 1 mês após o inicio da saga de volta ao crespo, eu tenho que te dizer que eu nunca me senti mais bonita, maravilhosa e segura na minha vida.
Então, eu resolvi repostar esse texto, para que ajude a você que ainda está nessa fase, que pretende entrar, ou que só quer entender essa experiência mesmo.

Inclusive esse texto vai fazer parte do livro do Senti na Pele, movimento responsável por postar relatos de pessoas negras diariamente em sua página no facebook.

Qualquer dúvida sobre meu cabelo ou sobre o processo é só deixar nos comentários ou me mandar por email através do endereço: contatoizycastelano@gmail.

Um relato sobre o poder da transição capilar para as mulheres negras.

"Esse é um cabelo que está quebrado, sem vida, opaco, fraco e que está caindo pra caramba, por sinal. É um cabelo mal tradado e cheio de químicas. Diversas formas de químicas. Esse cabelo não aguenta mais. Está se despedaçando, se desfazendo e quebrando. Mas ele é forte. Esse cabelo resistiu a temperaturas altíssimas, calor excessivo, progressivas, henê, relaxamento, alisamento, tintura e tristeza. Minha tristeza por te-lo comigo e todas as minhas tentativas de esconde-lo. Mais do que isso, todas as minhas tentativas de deixá-lo ''aceitável''.
Mas ele não é só isso.

Esse é um cabelo crespo, do tipo 4c, pra ser mais específica, que está passando por uma transição capilar. Esse cabelo não está deixando de ser liso. Ele nunca foi. Ele tem textura, ele é cheio, tem molas, volume e cresce em ziguezague. Ele só é crespo! E pasme! Não existe nenhum problema nisso, sabia? Talvez você saiba...

Mas, eu não sabia...

Eu não sabia porque sempre me disseram que ou o cabelo é liso ou é feio. Não sabia porque desde quando eu só me preocupava com o cabelo da minha boneca, minha família já alisava, relaxava e tentava esconder meus fios (pelo meu bem, claro), afinal "cabelo duro" não é lá a melhor coisa de se escutar. Eu não sabia porque cresci tentando me encaixar nesse padrão ridículo que nos é duramente enfiado goela a baixo. Eu passei 22 anos da minha vida sem saber que não existe solução pra cabelo crespo, porque simplesmente ele nunca foi e nunca será um problema.
Embora hoje em dia seja mais fácil ouvir um "deixa natural, é tão bonito", isso não apaga um "você é tão bonita, pena que o cabelo não é liso" ou coisas do tipo que ouvi durante anos - E se você é do tipo de pessoa que pensa ou faz esse tipo de comentário, saiba que você está diretamente ligada ao fato desse mundo ser um lixo.

Isso soou um pouco cruel da minha parte? Saiba que o racismo é cruel e é ainda mais forte quando invisível, quando está disfarçado nas brincadeiras, nos elogios, nas piadinhas e nas risadas... Esse é um lado que quem só vê todo esse empoderamento crespo como moda, estilo, like no instagram e blusinha da Adidas não conhece. Mas por trás disso há luta, sofrimento e aceitação.

Se hoje nós deixamos de passar química no cabelo pra tentar se igualar a capa da revista, não foi porque ninguém disse que é bonito, foi porque achamos nossa identidade perdida em meio a lama da padronização e embranquecimento populacional. Não adianta quererem reduzir toda essa luta e toda a história envolvida nisso á "Moda". Eu não estou vendo meu cabelo caindo, sem vida, quebrado e com duas texturas sorrindo, porque vocês resolveram aceitar, lucrar e achar bonito e sim, porque enfim aprendi que não dependo da aprovação de ninguém para ser o que eu quiser ser.
E e é exatamente sobre isso. A transição capilar não é a bandeira do crespo ou cacheado. A transição capilar levanta a bandeira do ''Seja você mesmo, do jeito que você quiser''. Não é só o seu cabelo que está passando por uma transição. 

Você também está. Enquanto aguardamos ansiosamente pelo crescimento da nossa raíz capilar estamos aprendendo a ama-la e aceita-la. Há um tempo atrás eu não podia sequer, sentir a raiz do meu cabelo crescendo que já achava que estava na hora do famoso retoque. Hoje, após seis meses de transição, ela não está crescendo sozinha, pois com ela crescem também o amor próprio, auto estima, segurança e aceitação. Depois de muito trabalho interno foi fácil decidir passar pela transição. Difícil mesmo é entender como que a gente se deixa levar pelos outros. Nós desistimos de quem somos porque os outros não gostam. Quando eu vejo essas mulheres e meninas crespas eu só consigo pensar no quão maravilhoso é ver o empoderamento negro tomando conta das nossas irmãs cada vez mais cedo. E sigo tentando entender o que acontece com a gente que eles conseguem nos convencer que cabelo crespo é feio e algo do que se envergonhar... Hoje eu só consigo pensar o contrário. Eu não sabia o que era beleza. Eu reproduzia um estereótipo.

Todos os tipos de cabelos são bonitos, lindos e maravilhosos se bem cuidados. Porém, a gente só cuida corretamente quando a gente ama. Então, não adianta querer ter o cabelo mais bonito do mundo se essa tentativa for para agradar o outro e não a si mesma. Ei, você que não quer deixar de alisar o cabelo! Não tem problema, ok? A gente prega a liberdade. Nós, mulheres negras podemos ter o cabelo que quisermos, na cor que quisermos, tamanho que quisermos. Não importa. Estamos falando de liberdade. Mas, se você que está lendo esse texto está pensando em entrar na transição, eu te digo que foi a melhor e mais dolorosa escolha que fiz nada vida. Estou me libertando do cabelo que tanto desejei ter. Consegui ter. Estou conseguindo abrir mão. Se eu consigo, você também consegue.

Não vou dizer que é molezinha, porque não é. Tem dias que é super difícil. Não há penteado que dê jeito. São duas texturas e a vontade de cortar tudo é gritante. Mas, hoje em dia é muito mais fácil. Temos diversas opções para passar pela transição e quando você pensa que assumir seu crespo é muito mais do que estética, isso te dar uma força que você nem imaginava que tinha.
A aceitação nunca acontece pela metade. Ou você quebra um paradigma ou não quebra. Porque voltar ao crespo, mais do que qualquer outra coisa, é um movimento politico, do qual eu faço parte e levanto a bandeira com todo respeito e admiração. Não é só sobre se aceitar. É sobre externizar essa aceitação para que seu crespo sirva como uma fortaleza para outras mulheres se conscientizarem, se amarem e não se prederem ao estereótipo que tentam nos impor.

Então antes que me perguntem que cabelo é esse, já aviso de antemão, que além de tudo mencionado acima esse é o cabelo de uma pessoa que está tocando o ''Foda-se'' pro que você pensou dele ao ver essa foto".

Bitch i'm Back!

Pois é! O bom filho a casa torna, não é mesmo? E cá estou eu novamente.

É foda conciliar blog com casa, estudos e até mesmo um canal que eu decidi criar e não consegui dar conta. Mas, é aquele ditado: A gente recua pra voltar com mais força! Acabei de inventar, inclusive. 

Acontece que eu ia focar só no canal dessa vez, mas tem coisas que não são pra serem abordadas em vídeos. Além do mais, em textos eu consigo transmitir coisas que no vídeo vocês não conseguem captar, então fico com os dois. Um auxiliando o outro pra no final eu conseguir passar a informação do jeito que eu quero. Fora isso, pretendo postar pelo menos 3x na semana aqui no blog e 1x na semana lá no canal. Então trate de salvar a página nos favoritos e ficar de olho ok?

Então vamos ao que interessa! O que eu vim falar aqui dessa vez?

Amo escrever textos, crônicas e até poemas, porém eu acho que não é daqueles tipos de textos que vocês precisam agora, pra isso ainda temos muitos blogs por aí postando textos bonitinhos pra você mandar pro crush ou ''Cartas para sua ex melhor amiga'', nada contra, ok? Inclusive ainda leio alguns. ..  Mas eu andei me incomodando com algumas coisas e é sobre isso que eu vim falar aqui.

Estamos na geração informação. Todo mundo sabe demais, ou acha que sabe demais. Todo mundo fala demais, ataca demais, muitos estão por aí feitos papagaios copiando pensamentos, personalidades e até mesmo convicções. Ora, ora... É tanta informação que tem muita gente se perdendo entre elas e apesar de estarmos num momento propicio para abrirmos nossas mentes e buscarmos ascensão intelectual e liberdade de pensamentos, ainda tem gente teimando em andar pra trás. Pior, ainda tem gente sem acesso.

E é para essas pessoas que eu criei o Black Panther of ZN.

Primeiramente, FORA TEMER!!!! Depois, não! Não é uma referência ao Partido dos Panteras Negras, mas poderia ser. No caso é só porque é o meu animal preferido mesmo e eu tenho olhos de pantera, vai dizer que não? rsrs Mas, falando sério agora, escolhi esse nome porque além da pantera ser negra, ela é selvagem, simbolo de combate, dominância, ataque e força! Of Zn porque eu na maior parte da minha vida fui criada na Zona norte do Rio, quem conhece sabe bem como é. E hoje em dia, cá estou eu vivendo na Zona norte de novo.E particularmente, mesmo tendo seus altos e baixos eu amo esse lugar. Coloquei esse user no Instagram e Twitter, e não é que pegou? O nome do blog não poderia ser diferente.

Explicado o nome, quero dizer que vocês verão por aqui assuntos como: Empoderamento, moda baixo custo, vida periférica, muuita música boa e preta, enaltecimento da beleza negra, feminismo negro, transição capilar, fatos das ruas... Entre outras muitas coisas, que é só lendo pra saber. (SIM O ENFOQUE É PRETO, O CENTRO DO MEU UNIVERSO É PRETO, SE VOCÊ SE INCOMODOU AO LER ESSA PARTE, JÁ PODE SE RETIRAR)

Quero deixar bem claro que aqui racistas não passarão. Então se você não quer entender sobre essa luta, não precisa estar aqui. 

Pela primeira vez to criando algo sem esperar acessos e likes em troca. Quero escrever pras minhas irmãs e irmãos que precisam de força, de informação, de boas risadas... Quero que esse seja um espaço para eu aprender e passar o que aprendi. Quero que aqui vocês se sintam bem, seja preto, branco ou azul. 

Depois que eu aprendi como é bom nos amarmos, quando o assunto é ser nós mesmos, eu não entro de brincadeira. 

Então vamos SER! Juntos é mais fácil!

Já to esperando você no proximo post, ok?